#TBT Cultural
O aniversariante do dia em fotografia que não sabe-se a data com precisão, mas é de antes de 1939, pois o Cine Rex ainda era terreno. Há 131 anos, senhoras do high society reivindicaram e foram atendidas pelo governador com a construção do prédio que abriga a alma de Teresina. Receberam só a caixa bruta. Não tinha urdimentos. Não tinha poltronas.
Colorida por IA, a foto é do início do século passado. Foto: Internet
Resgatado
Quem quisesse sentar para assistir algum espetáculo errante, que aleatoriamente estivesse de passagem, tinha que levar seu tamborete ou preparado para ficar em pé. Na virada do século 19 para o 20, a explosão do cinema tomou o teatro, que só voltou a ser palco de encenações efetivamente na década de 70, com a eleição de Alberto Silva.
Crise de ocupação
Hoje tenho consciência de ter vivido um momento áureo da produção teatral, quando chegamos a ter filas em nossas apresentações, com bilhete pago. Como ator, dói ver as poltronas de veludo vazias. Mesmo com espetáculos gratuitos. Infelizmente, atravessamos uma das maiores crises de circulação de peças locais e uma verdadeira fuga de plateia.
Por quê?
Com exceção de alguns humoristas. Poucos. Apenas dois. Que ainda conseguem lotar o velho Theatro, a maioria dos artistas não sabe o que é ter uma grande plateia. Muito menos pagando pelo ingresso. Vale a reflexão dos possíveis porquês. Tenho uma tese e qualquer dia desses vou escrever as minhas percepções estruturadas sobre o tema.
Reportagem
Vi mais cedo uma reportagem de TV com abordagem comemorativa do aniversário da casa teatral. O repórter experiente trouxe personagens em sua matéria que são representantes da música. Nenhum de teatro. Percebam como é grave a crise da linguagem que dá nome ao prédio. No dia do seu aniversário, não temos a expressão local para nos representar.
Theatro 4 de Setembro 131 anos. Foto: Willian Tito
Cerimônia
Mas hoje é festa. Primeiro, às 18h30, tem aquela solenidade chata, demorada e enfadonha de entrega de troféus. Que este ano leva o nome do técnico Carlos Alberto Gomes, o querido Carlinhos. Um momento de bajulação social e política, que nem sempre é justa. Mas reflete o alinhamento dos “laureados” com a gestão e as suas distorções. Faz parte.
Fazendo o Lampião de Gomes Campos, descobri a casa cheia no 4 de Setembro. Foto: Internet
No palco
A cereja do bolo é a peça “Nasci para Ser Dercy”, com Grace Gianoukas. Prevista para 20h. Predestinada a romper barreiras com graça, Dolores Gonçalves Costa é uma vencedora digna de aplauso. O texto de Kiko Rieser, que também assina a direção, destroça o esteriótipo da “velha louca que falava palavrão” e traz a força de uma artista única.
Solo representa a linguagem no dia do aniversário da casa. Foto: divulgação
Por anos
A entrada é uma lata de leite em pó. Só hoje. Os demais dias era/é um quilo de ração para pet. Eu levei e descobri que apenas eu tinha levado. Porém, é bom levar. Como é uma “montagem de fora”. Eita expressão que machuca a prata da casa, quando serve para segregar o certamente bom do provavelmente duvidoso. Precisamos encarar e mudar esta realidade.
Rainha do Mar
Quem estiver a fim de programação completamente diferente, tem bate-papo e apresentação da banda “Navegantes e as Águas de Ynaê”, com o show “Águas que Dançam”. Na praça de eventos 2 do Theresina Shopping, com mediação de Douglas Machado, às 19h. A bamba funde os ritmos das batidas rituais, com samba-rock e outros sons. Um mix de Mama África em forma de música.
Conquista
O ator e diretor de teatro, Vitorino Rodrigues, está com um sorriso de orelha a orelha que não se desmancha. Motivo não falta. Ele recebeu seu diploma de Mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Auto do Lampião do Harém” é o tema da dissertação, que mergulha na montagem histórica, que projetou o Piauí para o mundo do teatro.
Mestre em Artes Cênicas, Vitorino Rodrigues. Foto: Facebook
Incêndio
É preocupante a situação da região das fazendas históricas, em Campo Maior. As queimadas mostram suas chamas de terror e aproximam-se de edificações que contam parte de nossa história. Entre elas a Fazenda Abelheiras. Fundada em 1708, é história viva. Temos que exaltar o trabalho dos brigadistas, que combatem o fogo com muita coragem.
Pórtico de entrada da fazenda. Foto: Internet
Chuva extra
Por outro lado, boas notícias enchem o coração do sertanejo de esperança com a previsão de um b, r, ó, bró com chuvas 60% acima da média, segundo o IMET – Instituto Nacional de Meteorologia. O fenômeno La Niña, que deixa a temperatura do Oceano Pacífico mais baixa, pode dar um refresco no calorão que já se instalou no Piauí.
De novo?
Só que a festa foi fechada e teria cobrado ingressos para assistir as atrações. Novamente uma partida de futebol. Mais uma vez um repasse com valor altíssimo em decorrência do provável valor da despesa, que deve ser bem baixo. Ou as duas atrações dividiram o dinheiro? Não conheço uma banda piauiense com cachê tão alto. MP tá de olho.
Balé
O bailarino e coreógrafo, Frank Lauro Santos, decano dos profissionais da dança, continua em forma e trabalhando. A partir da próxima segunda-feira, 8, estará ministrando oficina em São João da Serra, na fronteira com o Ceará, formando novos alunos do ballet clássico. As aulas seguem até o dia 13. O artista é resistência da arte de bailar quase flutuando.
Professor Frank Lauro dá aulas de Balé. Foto: Facebook
Expo
Começou ontem e segue até amanhã a exposição “Biocartografia do a.fe.to” da artista visual Jaqueline Bezerra, que faz parte do VII Colóquio Internacional de Literatura de Gênero – Feminismos e Discursos Interdisciplinares. Aberta ao público, está acessível no hall de entrada da Reitoria da UESPI, das 8h às 17h.
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