A gestão do prefeito Emanuel Cunha em Parnaíba volta a ser alvo de situação que sugere mau uso de dinheiro público e controvérsia administrativa e legal após a manutenção de um contrato milionário para a aquisição de livros didáticos, mesmo diante de denúncias formais de superfaturamento e ilegalidades em todo o processo de contratação.
Apesar de negar pagamento, o prefeito postou o recebimento dos livrosColagem Lupa1
A polêmica gira em torno de um contrato firmado em 13 de fevereiro de 2025, por meio de dispensa de licitação. A legalidade desta contratação direta foi questionada em uma denúncia formalizada junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) em 9 de abril. De acordo com a denúncia, o processo apresentava indícios de superfaturamento e a empresa contratada não estaria apta a vender para o estado do Piauí. Apesar do alerta e da investigação iniciada pelos órgãos de controle, a prefeitura não revogou o contrato. O prefeito apostou que conseguiria emplacar a compra suspeita.
Um dos pontos que agrava a situação ocorreu em 27 de março, quando o prefeito Francisco Emanuel utilizou as redes sociais para anunciar e comemorar a aquisição dos livros.
Em vídeos, ele e o secretário de Educação, Danilo Rego, apresentaram o material, que já estava sendo distribuído. O questionamento mais grave levantado pelos denunciantes é o fato dos livros terem sido fornecidos e entregues antes da conclusão do pagamento, sugerindo uma clara irregularidade na execução contratual.
Contrato firmado em 13 de fevereiro de 2025
Fontes do Lupa1 indicam que as ordens para a celebração e manutenção do contrato partiram diretamente do prefeito. O processo envolveu diversas secretarias e órgãos internos, incluindo o Secretário de Educação, Danilo Rego, a Secretária do Fundo de Educação, Janete Santos, e a
Controladoria do município, que emitiu um parecer favorável à contratação, apesar de todos os indícios de irregularidades. O processo, claramente viciado, também contou com a participação da Secretaria de Gestão, da consultoria jurídica da Comissão Permanente de Licitação (CPL) e da Secretaria da Fazenda. Essa estrutura centralizada, segundo os denunciantes, teria limitado a fiscalização e a independência dos órgãos de controle interno.
TCE-PI determinou a suspensão
Após investigação, o Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) determinou, em decisão cautelar na última terça-feira (02/09), a suspensão imediata de um contrato de R$ 1,3 milhão da Prefeitura de Parnaíba para a aquisição de livros didáticos. A medida foi motivada por fortes indícios de sobrepreço e irregularidades no processo de inexigibilidade de licitação, agravando a controvérsia que já pairava sobre a gestão do prefeito Francisco Emanuel.
A decisão do TCE-PI, assinada pela conselheira Waltânia Alvarenga, relatora do processo, reforça as suspeitas. Segundo o tribunal, a prefeitura não apresentou estudos técnicos ou pesquisas de mercado que justificassem a contratação direta da empresa fornecedora.
A análise do TCE-PI revelou um sobrepreço significativo. Os kits didáticos, com valores de até R$ 327 por unidade, foram considerados acima dos praticados no mercado. Como exemplo,o mesmo material foi adquirido pelo município de Chapadinha (MA) por um preço 27% menor. A relatora destacou que a justificativa de “exclusividade” do material não se sustenta, pois existem obras pedagógicas similares disponíveis por valores mais baixos.
Com a decisão cautelar, a Prefeitura de Parnaíba está proibida de realizar qualquer pagamento referente ao contrato até que o mérito da questão seja julgado. O TCE-PI determinou a citação do prefeito Francisco Emanuel, da ex-secretária de Educação, Janete de Araújo Santos, e da empresa contratada para que apresentem suas defesas no prazo de 15 dias úteis.
O caso segue em apuração, aguardando a defesa dos envolvidos para o julgamento final pelo pleno do TCE-PI, que decidirá pela anulação definitiva ou pela liberação do contrato.
TCE determinou imediata suspensão do contratoDiário eletrônico do TCE-PI
Dispensa de Licitação como padrão
A administração municipal tem sido muito criticada por um suposto padrão de uso excessivo de dispensas de licitação, o que, em tese, restringe a competitividade e pode ferir os princípios da administração pública. A manutenção de um contrato sob investigação é vista como um desafio às instituições fiscalizadoras.
A prática recorrente adotada pela prefeitura de Parnaíba tem exposto a cidade de forma negativa perante o restante do estado, também diante dos órgãos de controle e de investigação. Espera-se que o prefeito receba a decisão do TCE como um aviso prévio de que, se persistir em práticas semelhantes, terá surpresas ainda mais desagradáveis.
Receba Notícias do Lupa1 pelo Whatsapp
Siga nas redes sociais
Deixe uma resposta