Temporada dos ipês
Aqui no meu trecho, o primeiro amarelou. Um jovem pau d’arco de chapada. Amarelo ainda claro, ganhando força. Este ano começaram mais cedo. Desde meados de julho que se ouve falar de pé de cuscuz florescendo. Precoces? Ou refletindo as mudanças climáticas? Em nossa região, a florescência está ligada ao calor, que este ano veio mais cedo.
Ipê – Foto: Willian Tito
Onde está a plateia?
O escritor Aci Campelo publicou no instagram um texto reflexivo sobre a cena teatral. Com conhecimento de causa, mostra a fragilidade que desestabiliza o fazer teatral com continuidade. Resultando em fuga de plateia. O decano denuncia: “O teatro piauiense não está em nenhum projeto do governo seja estadual ou municipal”.
Dramaturgo Aci Campelo – Foto: Reprodução/ Facebook
Pauta gourmet
O dramaturgo reconhece o avanço na expansão de espaços, mas aponta as dificuldades para o artista de teatro cumprir o seu ofício. Aci afirma: “Espaços como SESC e Centro de Convenções cobram absurdos em suas pautas. Sem qualquer chance para grupos locais”. Apesar de ter mais locais para cena, não significa que as montagens piauienses vão circular.
Máscaras caindo
A ribalta é doce, mas o processo é doloroso. Desafiador. Adverso. Tornando quase um milagre a resistência de grupos que sobrevivem há dezenas de anos ativos. Muitos sem sede. Ensaiando em espaços improvisados. Mais uma denúncia: “Até mesmo o espaço da Escola Técnica de Teatro Gomes Campos é fechado ao grupo da comunidade. Um espanto”. Matrículas abertas e portas fechadas.
Escola Gomes Campos – Foto: Reprodução
Estourar a bolha
Falando sobre teatro, Campelo conclui suas reflexões mostrando o cenário que montou a realidade atual, com a plateia afugentada. Dando o mote da real, os poucos que vão ao teatro são os próprios atores, atrizes, amigos e familiares. O teatrólogo dá a dica: “É preciso sair da bolha e alcançar o público geral”. É verdade. Mas como?
Cultura fake
Acrescento às palavras de Aci que nunca tivemos tantos editais abertos, com tanto recurso público de fomento. Entretanto, nem sempre chega nas mãos de quem realmente produz. Parte é interceptada no caminho pelos especialistas em fazer projetos. Não em fazer arte. Faz apenas uma apresentação. Com pouquíssimos na plateia. Tira foto e justifica R$ 100 mil.
Sem aplausos
O que o diretor aborda são as consequências de anos no mesmo ciclo, que vai puindo, enfraquecendo a qualidade de nosso fazer teatral. Os que têm acesso às verbas, não precisam se preocupar com bilheteria. A entrada social é a saída para falta de interesse em pagar para entrar. Por que ninguém vai mesmo. A deformação da plateia é uma realidade dura.
Anos Dourados
Nos anos 90 vi filas até o meio da P2 com pagantes para assistir espetáculos feitos aqui. Montagens que tinham nível técnico tão apurado que rompiam as fronteiras para fazer sucesso em outros palcos, disputando e vencendo prêmios cobiçados nacionalmente. Quando é assim o público vem. Faz questão de pagar pelo bilhete e assiste orgulhoso a arte de seu povo.
Peça “Auto do Lampião no Além” lotava teatros aqui e fora
Cenário vazio
Com exceção do Aci, são poucos os que se manifestam. Não é apenas o teatro o afetado. A dança também já teve melhores dias atraindo e mantendo um público interessado em suas produções. Com realidade semelhante, vem reduzindo a plateia à sua própria bolha. As artes cênicas cambaleantes, atravessam a fase delicada da ausência de público, que definha.
Moeda de troca
A postagem publicada há dois dias na conta @trofeuteatropiaui tinha 25 likes até hoje de manhã. Poucos comentários de apoio. E fica por isso mesmo. A letargia é contagiosa. Com os trocadinhos no bolso e a promessa que a verba para o projeto anual está garantida, grupos oferecem o silêncio, parecendo que tudo está muito bem, obrigado. Mas não tá.
Dica de sextou
Ontem dei uma voltinha na noite. Dia de rock, bebê. Gostei muito do que vi. Jovens bandas iniciando sua trajetória com muito fôlego e qualidade técnica. Com músicos entregando performances impressionantes. Fui em dois barzinhos, mostrando a amigos de fora em passagem pela cidade. Eles também curtiram muito. Para quem consome música de qualidade, temos de sobra.
Pubs e fundo de quintal
Dos mais chiques aos adaptados em residências, somos acolhidos em espaços aconchegantes, com comidinha gostosa e muita alegria. Em todos os gêneros, temos artistas que despontam cantando e tocando. Encantando e impulsionando um mercado pulsante. Um bom músico tem agenda lotada e consegue uma boa renda para sobreviver dignamente de sua arte.
Poesia daqui
criar é impossível
a quem não se permite
o devaneio
Climério Ferreira, que completa 60 anos de poesia da maior qualidade, vai na jugular da criatividade poética. Garantindo em seus poemas e letras de canções consagradas um facho de luz sobre uma prole seleta de Angical. Juntamente com os seus irmãos, Clodô e Clésio, exaltam o nome do Piauí produzindo obras inesquecíveis.
Poeta Climério Ferreira, 60 anos de poesia
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