Saúde
Saúde mental é o maior ativo que o ser humano pode ostentar nos tempos atuais. Mas pouco se vê nas redes sociais, que estimula a auto exibição, revelando manifestações patológicas que muitas vezes classificam como influencer. Péssimas influências para motivar o consumismo, a levar uma vida idealizada na egolatria e ampliar o vazio espiritual dos seguidores. A internet é fantástica. O excesso de tela adoece o mundo, com tecnologia de última geração.
O inconsciente fala por meio de imagens, dizia a Dra. Nise da Silveira. Imagem: Internet
Global
No Dia Mundial da Saúde Mental – World Mental Health Day, há caminhos que divergem da psiquiatria clássica. Desde 2019, durante evento da Conferência Nacional de Saúde, uma corrente vem levantando visão alternativa para o diagnóstico. Na luta pelo direito à diversidade mental, defendem o lema “Nós não somos doentes. Somos apenas diferentes”.
Os que afirmam a loucura entendem que da mesma forma que a sociedade aceita e defende a diversidade cultural, racial e sexual, deve aceitar a mental.
Direito à psicodivergência é corrente que cresce no país. Imagem: Internet
Visão
Indentificando-se como psicodivergentes, trazem uma mensagem política, que posiciona-se contra a exploração do ser humano pelo mercado. Os representantes revelam que, em muitos diagnósticos psiquiátricos, a materialização da segregação do sistema está a serviço do capital. A normatividade mental é aquela que se adequa a servir sem questionar, sem criticar e sem divergir. Com exceção dos casos severos, faz muito sentido.
Divã
Nossa sociedade dá sinais que vai precisar de muita ajuda especializada. Quando for escolher a terapia e o terapeuta, deve considerar que tipo de formação o profissional recebeu. Se a base que o orienta é para incluir legitimamente no tecido social ou para enquadrar numa funcionalidade escravagista. Somos apenas mão de obra para muitas sociedades, que propagam uma positividade tóxica, irreal e alienante. Quem discorda vai passar pelo fenômeno da “patologização” e será mais um louco.
Escolher o divã ou deixá-lo vazio pode ser uma decisão de igual valor. Imagem: Internet
Iluminadas
A Dra. Nise da Silveira e a enfermeira Dona Ivone Lara são pioneiras na reversão do período das trevas no mundo do inconsciente. Com muita sensibilidade e tenacidade, enfrentaram um sistema paternalista que imprimia o regime manicomial como alternativa “menos violenta” para encarcerar quem contestava. Eletrochoques e outras “terapias” da época enlouqueciam qualquer cidadão são. Graças a elas, deixaram de praticar muita perversidade.
Nise da Silveira e Dona Ivone Lara. Montagem: Internet
Mascaramento
O mundo de hoje não isola mais em quartos brancos. Não precisa. A sociedade leva na tela sua saúde ou a doença. Grande parte dos pacientes dos concorridos consultórios psiquiátricos, com valores de consultas expansivas, não procura mais alta. Muitos estão viciados nos psicotrópicos. Querem apenas mais uma sequência de receitas azuis. O mascaramento social pela funcionalidade cobra um preço altíssimo de seus membros. Continuo com o Anjo Torto: “Cada Louco É Um Exército.”
Montagem
Perguntei ao escritor Aci Campelo, que mantém pesquisa permanente de espetáculos que vão à cena no Piauí, como foi a produção na temporada deste ano. Segundo o dramaturgo, 15 espetáculos foram à ribalta até o início deste mês, em 2025. “Em Teresina foram 8 espetáculos. Parnaíba, Picos, Floriano e Pedro II, foram 7”. Acho que vi quase todos os produzidos em The. O teatro é uma das linguagens que atravessa uma de suas fases mais fragilizadas.
Dramaturgo Aci Campelo acompanha de perto a produção teatral. Foto: divulgação
Precarização
No edital do estado, quando conseguem aprovar projetos, os recursos nunca vêm no valor total do orçamento. O corte é feito sem critérios técnicos transparentes. Não se sabe o porquê, mas em alguns casos, o contingenciamento financeiro, reduz a proposta a apenas 1/5. A condição é pegar ou largar. Ruim com ele. Pior sem ele. Pensam os fazedores, submetendo-se a condições de grandes desafios para por a peça em cena.
Fragilidade
Nestas condições, o teatro vai enfraquecendo-se. As montagens são comprimidas. Onde havia um elenco de 5 intérpretes, sobra 3, 2. Os requintes nos cenários e figurinos ficam bloqueados pela grana curta, que mal dá para as despesas básicas. Diz o verdadeiro gestor que “É apenas uma ajuda”. A análise estética de quem lida com o fazer teatral enxerga que vivemos um período decadente, onde poucos resistem preservando a qualidade.
Circulação
Outro grande obstáculo enfrentado pelos que se dedicam ao teatro é a falta de políticas públicas para circulação de espetáculos. O poder público pensou na infraestrutura e avançou muito no setor. Investiu no fomento. Tem muita coisa a se resolver, ainda. Bem ou mal, vai andando. Já no aspecto da circulação de montagens, é zero. Para não dizer que não existe nada, apenas o “Terças da Casa”, que abre a pauta à produção de Teresina, dividindo com música e dança.
“Ulisses”, com direção de Adalmir Miranda, em apresentação recente. Foto: Willian Tito
parque
Entre as peças que gostei deste ano, o musical onde o autor é ator/cantor. “A Vida É o que É”, de Luciano Melo, traz um cesto cheio de memórias de quintal, de colo de mãe, de resiliência, mas também de descobertas. O personagem dialoga com seu amigo de infância, numa viagem pretérita. Com o auxílio de Iara Patrícia, borbulham sentimentos e afetividades. Achei de uma suavidade tocante. Hoje, a partir das 17h30, no Parque da Cidadania, próximo a Galeria de Arte Santeira. Aberto ao público.
Inversão
Luciano, outro veterano do mundo teatral, revelou-me que sentiu a necessidade de reconquistar a plateia. Diferentemente dos conceitos que querem atrair os frequentadores levando-os ao teatro, inverteu a lógica. Levando o teatro ao público, apresenta as montagens do Teatro Piau em locais alternativos, com fluxo de pessoas. Ao gerar a oportunidade imprevista ao transeunte, Melo aposta no impacto do inusitado para abrir novos espectadores.
Casa da Cultura
O prefeito Sílvio Mendes anunciou ontem, 9, que a Casa da Cultura vai voltar a funcionar, mas não definiu data. Segundo o alcaide, em acordo com a igreja católica, proprietária do prédio, o espaço será reformado e revitalizado. Estamos aguardando por isso há mais de 4 anos. Abandonado pela gestão passada, a casa que pertenceu ao Barão de Gurgueia, tem para mim um valor inestimável. Foi lá onde fiz minha primeira oficina de teatro, com Hamílton Vaz Pereira, no começo da década de 90.
Sextou
O cantor e compositor Zé Marques segue na sua batalha pela revitalização do Centro. Hoje, a partir das 17h, volta à Praça Pedro II para mais uma apresentação de seu vasto repertório das selecionadas do cancioneiro brasileiro e piauiense, com ênfase em Djavan e tudo o que há de bom na MPB. Sambista, garante os hits do som que está no DNA dos brasileiros e faz vibrar cada célula na frequência do molejo e da cadência do ritmo de Tia Ciata, no Café Art Bar.
Zé Marques sabe levar a pegada de barzinho. Foto: divulgação
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