As afirmações postadas em reportagem do Esquecido1 apoiadas em dados do Tesouro Nacional, segundo a leitora Maria Martins, não são verdadeiras.
Segundo ela a reportagem induz o leitor da desinformação e é preciso desmontar essa peça ponto por ponto — com base, segundo ela, em fontes oficiais do Tesouro Nacional e publicações do próprio Governo do Piauí.
Leitora Maria Martins – Foto: Reprodução
Eis a reportagem publicada pelo Lupa1 (clique aqui e leia)
Eis, ponto a ponto, os contrapontos de Maria Martins:
1) “Há claro descontrole orçamentário”
Leitora Maria Martins ao lado de Wellington Dias – Foto: Reprodução
Falso. O indicador que o próprio Tesouro usa para aferir saúde fiscal dos Estados é a CAPAG. O Piauí obteve nota B+ na avaliação mais recente referente ao exercício de 2023 (publicada em 2024), o que caracteriza boa situação fiscal e habilita o Estado a contratar operações com garantia da União — exatamente o oposto de “descontrole”.
2) “Superávit orçamentário é ilusório; resultado primário negativo prova incapacidade de pagar a dívida”
Falso e tecnicamente confuso.
O resultado orçamentário e o resultado primário são demonstrativos diferentes exigidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e publicados no Relatório Resumido da Execução (RREO). O Tesouro explica a finalidade de cada um: o primário exclui juros e serve para acompanhar metas; um bimestre negativo não significa “incapacidade de pagar dívida”, até porque o serviço da dívida é executado com base no fluxo financeiro e no limite legal de endividamento, não em um bimestre isolado.
O RREO do 3º bimestre de 2025 do Piauí foi regularmente publicado no Diário Oficial com todos os anexos (Balanço Orçamentário, Resultado Primário etc.). A peça que circula não cita página nem quadro oficial com “–R$ 323 mi”; faltar referência já é um sinal de manipulação.
3) “A dívida do Piauí cresceu 11%, o maior aumento do país; 80% reduziram”
Leitora Maria Martins ao lado de Rafael – Foto: Reprodução
Sem lastro nas publicações do Tesouro. O que importa legalmente é a relação Dívida Consolidada Líquida / Receita Corrente Líquida (DCL/RCL). No Relatório de Gestão Fiscal (RGF) em Foco (1º quadrimestre de 2025), o gráfico do Tesouro mostra o Piauí bem abaixo do limite legal de 200% (limite fixado pelo Senado). Estados em situação crítica (como RJ) aparecem próximos ou acima do topo; o Piauí não está nesse grupo. Ou seja: não há “alarme” de endividamento para o Piauí.
Além disso, o próprio Painel de Endividamento do Tesouro explica que a verificação é feita por esse indicador (DCL/RCL) e por cumprimento de limites — não por percentuais genéricos sem fonte, como “maior crescimento” ou “80% reduziram”.
4) “Quase 10% das receitas próprias vão só para juros e amortizações; um dos mais altos do país”
Afirmação solta e com métrica trocada. O Tesouro divulga os gráficos de serviço da dívida em % da Receita Corrente Líquida (RCL) nas Fichas dos Estados (painel oficial). Neles, o Piauí não aparece entre os maiores percentuais do país. Falar em “receitas próprias” (conceito variável) para comparar “juros e amortizações” é misturar bases diferentes e induzir a erro; a comparação correta — e usada oficialmente — é serviço da dívida / RCL.
5) “Há grande dificuldade para honrar compromissos com fornecedores e servidores”
Não procede.Dois fatos oficiais caminham na direção oposta:
Cumprimento de metas fiscais divulgado pela SEFAZ-PI no acompanhamento de 2025 (LRF), com crescimento de receitas e gestão dentro dos parâmetros — o que é incompatível com a narrativa de “colapso”.
O Tesouro registra que o Piauí mantém o endividamento dentro do limite legal (vide RGF em Foco e painéis), condição necessária para acesso a crédito garantido e para a normalidade de pagamentos.
6) Contexto que a peça esconde (e que reforça a solvência do Estado)
CAPAG B+ (boa saúde fiscal) → sinal verde do Tesouro para novas operações garantidas.
Liderança nacional em investimento em 2024 (17% da RCL aplicados; R$ 2,9 bi) com dados do Siconfi/Tesouro — investimento em alta coexiste com responsabilidade fiscal.
Gestão ativa do passivo: o governo estadual anunciou reestruturação da dívida para alongar prazos e reduzir custo, reforçando a sustentabilidade até 2030.
Conclusão
O conjunto de fontes oficiais do Tesouro Nacional e do Diário Oficial não sustenta as alegações de “descontrole”, “maior aumento de dívida” ou “quase 10% das receitas próprias em juros”. Ao contrário: CAPAG B+, endividamento dentro do limite, metas fiscais cumpridas e liderança em investimentos indicam que as finanças do Piauí estão sob controle e com excelentes perspectivas, inclusive perante o Tesouro Nacional.
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