Ex-secretário de Finanças de Santana do Piauí terá que devolver quase meio milhão ao município

Uma investigação do Tribunal de Contas do Estado do Piauí revelou um esquema de desvio de recursos públicos que drenou R$ 498,9 mil dos cofres de Santana do Piauí para contas pessoais do então secretário de Finanças.

A Tomada de Contas Especial foi instaurada após a prefeitura constatar que diversas notas fiscais haviam sido emitidas sem que houvesse pagamento aos credores e que transferências de numerário partiam das contas da prefeitura para contas particulares. O episódio ocorreu entre dezembro de 2022 e 16 de fevereiro de 2023, período em que Aurino Francisco Rodrigues, sobrinho do então vice-prefeito, estava à frente da Secretaria Municipal de Finanças.

Segundo o TCE-PI, Aurino Rodrigues desviou R$ 498 mil das prefeitura de Santana do PiauíReprodução

Segundo o relatório da Diretoria de Fiscalização de Gestão e Contas Públicas, o servidor emitiu notas fiscais falsas para simular despesas e, em seguida, transferiu valores das contas municipais na Caixa Econômica Federal para duas contas sob sua titularidade, uma no Bradesco e outra em fintech. O artifício burlava o controle interno e permitiu que quase meio milhão de reais saísse do orçamento do município sem justificativa.

A prefeita à época dos fatos, Maria José de Moura Sousa, registrou boletim de ocorrência e acionou o Ministério Público, apresentou representação ao Tribunal de Contas e afastou o servidor de suas funções em fevereiro de 2023.

Ao analisar o caso, a Segunda Câmara da Corte concluiu que as contas são irregulares e responsabilizou Aurino Francisco Rodrigues pelos desvios. Foi imputado a ele débito de R$ 498,900,00, que deverá ser atualizado e devolvido aos cofres do município. Além da restituição, o ex-secretário recebeu multa de 15.000 Unidades Fiscais de Referência do Piauí (UFR-PI) por ato de gestão ilegal. A decisão determina ainda que o caso seja comunicado ao Ministério Público Estadual para eventuais medidas penais ou civis.

O voto, aprovado por unanimidade, segue entendimento do Ministério Público de Contas. Os conselheiros ressaltaram que ampliar o alcance da punição é essencial para coibir práticas semelhantes e garantir que a população não seja prejudicada por gestores que se apropriam de recursos públicos.

Ao encaminhar o processo para o Ministério Público, o Tribunal reforça a possibilidade de responsabilização criminal. A investigação sobre o ex-secretário já tramitava no Ministério Público desde 2023, quando a promotora Micheline Ramalho Serejo da Silva instaurou procedimento para apurar falsificação de comprovantes e extratos bancários. O resultado da Tomada de Contas consolida as suspeitas e abre caminho para a reparação do dano.

Para Santana do Piauí, município com cerca de três mil habitantes, a perda de quase meio milhão de reais representa um golpe nos serviços públicos. A expectativa é que a devolução dos valores e a aplicação das penalidades sirvam de alerta a outros gestores sobre a necessidade de controles rígidos e transparência no uso de recursos.

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