“Nada vai mudar a nossa decisão de ter candidatura própria”, diz Kassab sobre o PSD

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, reiterou que a sigla pretende disputar a Presidência da República em 2026 com um nome próprio. A decisão, segundo ele, já foi comunicada a líderes nacionais, inclusive o presidente Lula, e faz parte de um projeto para reforçar a identidade política do partido e ampliar seu protagonismo no cenário nacional.

Gilberto Kassab

A única hipótese de recuo, afirma Kassab, seria se o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, decidir entrar na corrida pelo Planalto. Para o dirigente, Tarcísio reúne condições de unificar a centro-direita e atrair apoios de peso, reduzindo a fragmentação desse campo político.

“Nada vai mudar a nossa decisão de ter candidatura própria. Não haverá nenhum problema de compor com Tarcísio caso ele entenda que o melhor seja sua candidatura”, afirmou Gilberto Kassab.

Dois governadores como potenciais cabeças de chapa

Sem Tarcísio na disputa, o PSD tem como principais opções os governadores Ratinho Junior (Paraná) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul). Kassab evita estabelecer preferência entre os dois, mas enaltece a capacidade administrativa e o prestígio que ambos conquistaram em seus estados, apontando-os como alternativas viáveis para encabeçar a chapa.

Aliança estratégica e cálculo político

Para Kassab, uma eventual candidatura de Tarcísio transformaria o governador paulista no nome mais competitivo da centro-direita, com potencial para receber apoio de várias legendas e figuras influentes. Nessa configuração, o PSD poderia abrir mão da cabeça de chapa para ocupar um papel estratégico na campanha, seja na formulação do programa de governo, na composição da vice ou na coordenação política no Congresso.

Três caminhos possíveis para 2026

Candidatura própria: fortalece a marca do partido e amplia o poder de negociação no segundo turno.

Apoio a Tarcísio: concentra forças da centro-direita em um único projeto, dando ao PSD espaço de destaque na aliança.

Fragmentação: sem um nome de consenso, partidos desse campo devem lançar candidaturas isoladas, unindo-se apenas em eventual segundo turno.

Um partido em posição de influência

A postura de Kassab coloca o PSD como peça-chave nas articulações para 2026. Ao sinalizar firmeza no projeto próprio, mas abrir margem para uma composição estratégica, o partido se mantém no centro das conversas e com alto poder de barganha para definir rumos na disputa presidencial.

Reflexo no Piauí

No Piauí, esse posicionamento nacional do PSD pode gerar um jogo político bem delicado, porque mexe diretamente no alinhamento estadual e na estratégia para o Senado em 2026.

Hoje, o PSD integra a base do governador petista Rafael Fonteles e tem papel de destaque no governo. A sigla deve lançar Júlio César Lima como candidato ao Senado, em uma chapa encabeçada pelo PT, algo que pressupõe sintonia política entre as direções estadual e nacional.

Georgiano Neto, Júlio César, Jussara Lima e Gilberto Kassab – Foto: Reprodução

Se o comando nacional do PSD realmente mantiver a linha de candidatura própria à Presidência, o partido no Piauí precisará conciliar dois movimentos aparentemente conflitantes:

No plano estadual, sustentar a aliança com o PT, reforçando o palanque de Rafael e de Lula (caso ele seja candidato à reeleição ou apoie outro nome petista).

No plano nacional, defender o nome que o PSD lançar que, a depender do cenário, pode ser um adversário direto do PT. Isso colocaria líderes como Júlio César e Georgiano Neto diante de um dilema: seguir a orientação nacional e levantar a bandeira do candidato próprio ou preservar a relação local com o PT, que é fundamental para garantir espaço na chapa majoritária.

Caso o PSD nacional opte por compor com Tarcísio de Freitas e ele seja adversário do PT, o embaraço se amplifica. A base petista no Piauí poderia questionar a presença de um partido aliado a nível estadual, mas coligado com a oposição no plano federal.

Na prática, isso abre três possíveis reflexos no Piauí:

Acordo tácito para “descolar” o palanque: o PSD estadual mantém apoio ao PT local e foca apenas na disputa pelo Senado, sem se engajar na campanha presidencial.

Ajuste na composição da chapa: se houver ruído maior, o PT pode buscar outro aliado para a vaga ao Senado, isolando o PSD.

Reforço da barganha local: o PSD, sabendo que é peça importante na majoritária, usa o impasse para negociar mais espaço político no governo e na campanha.

Receba Notícias do Lupa1 pelo Whatsapp

Whatsapp

Siga nas redes sociais

Fonte